São Paulo: Casares Explica Vendas de Promessas de Cotia e Situação Financeira

A recente onda de transferências de jogadores formados na base do São Paulo tem acendido um intenso debate entre os torcedores. O presidente Julio Casares, em seu segundo mandato, encontra-se no epicentro dessa discussão, especialmente após autorizar a quarta negociação de uma promessa do clube este ano, frequentemente por valores que não excederam os 10 milhões de euros. Essa política de desinvestimento no talento jovem se desenrola em um cenário de considerável fragilidade financeira, que impõe ao clube uma rigorosa política de corte de gastos e aquisições pontuais, sem desembolso inicial por direitos econômicos.

Em entrevista recente ao GE, o dirigente tricolor foi categórico ao admitir que a condição econômica atual do São Paulo obriga a diretoria a aceitar propostas que, em outras agremiações com maior poderio financeiro, seriam provavelmente recusadas. A pressão do mercado e a busca por um fluxo de caixa positivo tornam certas decisões inevitáveis.

As Vendas de Cotia: Um Olhar Sobre as Saídas Recentes

O ano de 2025 já registra uma série de movimentações significativas no elenco de jovens do São Paulo . Essas transações, embora gerem recursos importantes, levantam questões sobre o futuro esportivo e a estratégia de longo prazo do clube. Abaixo, detalhamos as principais vendas realizadas no período:

A mais recente transação, envolvendo Henrique Carmo e sua ida para o CSKA da Rússia por 6 milhões de euros, intensificou o fervor das críticas nas plataformas digitais. No X, a antiga rede social Twitter, a hashtag #ForaCasares tornou-se um dos principais tópicos, evidenciando a profunda insatisfação de parte da base de torcedores.

A Lógica Presidencial por Trás das Negociações

Diante do cenário, Casares explicou os fundamentos que sustentam sua gestão, ressaltando o risco inerente a manter atletas jovens sem perspectiva imediata de valorização. O presidente compartilhou uma perspectiva pragmática sobre o mercado e a imprevisibilidade do desempenho de promessas:

Eu não vou mencionar nomes, mas tivemos jogadores que foram lançados, que eram promissores e não foram vendidos. E que acabaram no âmbito esportivo. Eu recusei nesta mesa uma proposta de 6 milhões de euros por um. É um risco. O dinheiro não aceita desaforo.

Ele prosseguiu, detalhando os perigos de reter atletas com pouca minutagem em campo, mencionando ainda o fantasma das lesões, que afetaram jogadores como Pablo Maia e Nestor, e o consequente impacto na desvalorização de mercado:

Se a gente sabe que o jogador tem pouca minutagem e poderá não ter ampliada essa minutagem, ele pode lá na frente, além do risco de contusões, que aconteceu com o Pablo Maia e o Nestor, ter uma diminuição de valor de mercado, porque não vai jogar mais. A venda é uma necessidade. E o preço? É claro que se eu pudesse esperar mais, veria se ele vai performar com mais ou menos minutagem para valorizar. Mas existe uma questão de mercado.

Gestão e Reação: O Rumo Financeiro do Tricolor

Apesar do volume de críticas direcionadas às suas decisões, o líder tricolor mantém-se convicto de que sua administração percorre o único caminho viável para assegurar um fluxo de caixa positivo e alcançar a meta de superávit em dezembro. Até o momento, o clube já acumulou um lucro superior a R$200 milhões com as negociações de atletas, um valor que excede significativamente as projeções iniciais para o período.

Casares, por sua vez, defende sua postura diante da pressão externa:

Tenho que olhar para a minha consciência, para a minha convicção e aceitar com normalidade as críticas, desde que não sejam exacerbadas, mas entender que a rede social hoje traz a emoção. Não posso me preocupar com isso, senão não sentaria nesta cadeira.

A gestão de Julio Casares, portanto, parece pautada por uma visão de responsabilidade fiscal, onde a venda de jovens talentos, por mais dolorosa que seja para a torcida, é apresentada como uma estratégia fundamental para a saúde financeira do São Paulo Futebol Clube.