São Paulo Lança Projeto Inovador: Casares Ausente, Futuro Financeiro em Questão

O São Paulo Futebol Clube revelou nesta terça-feira a Inova.São Ventures, uma iniciativa audaciosa que nasce da colaboração com a Sportheca e o FCJ Group. Este empreendimento visa posicionar o Tricolor como o clube mais inovador do país até o ano de 2030. A Inova.São Ventures se estrutura como uma Corporate Venture Builder (CVB), o que, em termos práticos e para o entendimento do leitor, significa que o clube integrará startups ao seu portfólio de produtos e soluções, buscando novas frentes de desenvolvimento.

A solenidade de lançamento, contudo, foi marcada por uma ausência notável: a do presidente Julio Casares. Embora sua participação estivesse confirmada na agenda, o dirigente não compareceu ao evento, alegando o delicado momento que o time de futebol profissional atravessa na temporada. O conselheiro Jayme Franco foi o encarregado de representar Casares, oferecendo uma justificativa para a falta do presidente.

? Era desejo do presidente estar aqui com vocês, mas o difícil momento que atravessa o nosso futebol o prende no CT da Barra Funda. Por outro lado, não quis o presidente misturar o futebol com esse grandioso projeto que muito contribuirá para o futuro da nossa agremiação ? disse Jayme.

A apresentação do projeto, realizada no Morumbis, contou com a presença de figuras-chave para detalhar a empreitada. Entre os presentes estavam José Guilherme Oliver, head de Inovação no São Paulo Futebol Clube; Eduardo Alfano, Diretor de Inovação do clube; Paulo Justino, fundador e CEO da FCJ Group; Wagner Kojo, CSO do FCJ Group; e Gustavo Verginelli, sócio fundador da Sportheca. A diversidade de especialistas reflete a complexidade e a amplitude do projeto.

A Estrutura da Inovação Tricolor: Investimento Zero, Retorno Incerto

O modelo de parceria estabelecido dispensa qualquer aporte financeiro direto por parte do São Paulo Futebol Clube. Em vez disso, a agremiação se compromete a fornecer o prestígio e a visibilidade de sua marca, uma ferramenta poderosa para atrair investimentos e captar recursos no mercado. Esta abordagem levanta questões sobre o real comprometimento financeiro do clube na inovação, dependendo majoritariamente de sua força de marca para alavancar o projeto.

Adicionalmente, o clube funcionará como um laboratório real para as novas soluções desenvolvidas. As startups selecionadas terão a oportunidade de testar suas inovações dentro da estrutura do São Paulo , utilizando o ambiente do clube como uma plataforma para validar a viabilidade e eficácia de seus produtos e serviços. Esta é uma proposta que, se bem executada, pode gerar valor mútuo.

A iniciativa busca atrair uma gama diversificada de startups, desde aquelas diretamente ligadas ao universo do futebol até outras que atuem em setores distintos. Para as empresas cujo core business esteja conectado ao esporte, a experimentação e validação poderão ocorrer diretamente nas operações do clube, potencializando a sinergia entre inovação e performance esportiva.

Um exemplo hipotético apresentado ilustra como uma startup focada em captação de dados e análise de desempenho poderia ser testada pelo departamento responsável no clube. Este setor, por sua vez, teria a prerrogativa de sugerir aprimoramentos e ajustes. Dessa forma, caso a startup se consolide e se torne uma empresa de grande porte no futuro, o Tricolor poderia usufruir de condições vantajosas na aquisição de seus serviços, um benefício potencial, mas ainda distante.

O Desafio da Monetização: Como o São Paulo Lucrará?

Questionados por veículos de imprensa sobre a forma como o São Paulo poderia gerar receita com o eventual sucesso e crescimento das startups, os integrantes do projeto indicaram que a questão ainda está sob análise do departamento jurídico do clube. O estudo toma como referência modelos adotados por clubes internacionais que estabeleceram parcerias semelhantes, o que sugere que o clube ainda não tem um caminho claro para monetização.

? Existe um estudo com o departamento jurídico para vermos a melhor forma da valorização da startup ser absorvida pelo clube, mesmo ele sendo uma instituição sem fins lucrativos. Estamos debruçados nisso, o interesse do São Paulo é trazer esse dinheiro, essa mais-valia para o clube e está sendo estudado a melhor forma de fazer, mas não vai passar em branco ? explicou Paulo Justino.

Apesar do lançamento oficial, o projeto Inova.São encontra-se em estágio inicial, carecendo ainda de exemplos concretos de aplicações e resultados. A previsão é que os valores a serem captados, divididos em três fases, alcancem aproximadamente R$ 11 milhões. É importante ressaltar que esse montante será destinado exclusivamente ao financiamento do próprio projeto de inovação, sem ser incorporado diretamente às finanças do departamento de futebol. Isso indica que, por ora, a inovação opera em uma esfera separada, sem impacto imediato na saúde financeira da equipe principal.