Análise Zubeldía São Paulo: Desempenho, Responsabilidade e Futuro no Brasileirão

A recente derrota do São Paulo dentro de seus domínios, o Morumbis, para o Vasco, reacendeu o debate sobre o desempenho da equipe no Campeonato Brasileiro. Em meio aos questionamentos, o técnico Luis Zubeldía veio a público para comentar a situação, assumindo a responsabilidade pelo resultado e pela performance, ao mesmo tempo em que refutou a ideia de que os treinamentos da equipe estariam aquém do esperado.

A Autocrítica do Comandante e o Cenário no Brasileirão

O comandante argentino, com uma postura de inegável autocrítica, não hesitou em colocar sobre seus próprios ombros o peso do insucesso. Sua análise sobre a campanha no campeonato nacional é direta e sem rodeios. ?Estou convencido de que, com todo o elenco e reordenando algumas coisas, vamos corrigir o desempenho no Brasileirão, não tenho dúvidas. E isso não justifica o rendimento que tivemos. O responsável sou eu. Fui muito mal. Projeto que vamos melhorar no Brasileirão, mas isso não significa justificar o que aconteceu. Jogamos muito mal. A maior dor que temos não é nem pelo resultado, mas porque jogamos mal.?

Essa declaração, por si só, já aponta para uma visão clara da gravidade da situação. O time, apesar de seus esforços, não tem conseguido transpor para as partidas o que é trabalhado, e a posição na tabela reflete essa dificuldade. Zubeldía sublinha que a performance atual na liga é insatisfatória, e que a busca por melhorias é um processo contínuo que demanda tempo e colaboração de todos os envolvidos.

O Enigma do Morumbis: Um Desempenho Aquém das Expectativas em Casa

Um dos pontos mais intrigantes e preocupantes para a torcida e a comissão técnica é a dificuldade do São Paulo em consolidar resultados expressivos atuando em seu próprio estádio. O Morumbis, que tradicionalmente deveria ser um trunfo, tem se mostrado um palco de desafios. O treinador expressa sua perplexidade diante dessa realidade. ?Não sei dizer. Sinto que não estamos jogando bem no Morumbis. No ano passado, houve partidas em que jogamos muito bem, mas este ano está nos custando, e a responsabilidade é nossa, minha e dos jogadores. Temos que jogar melhor. Estamos pagando muito caro. Eles estão nos superando no futebol, na organização e em coisas pontuais do jogo.?

A percepção de que a equipe não está conseguindo impor seu jogo em casa, ao contrário do que ocorreu em temporadas anteriores, aponta para questões que vão além da técnica individual, tocando na organização tática e na capacidade de adaptação. A superação pelos adversários em aspectos fundamentais do jogo é um alerta que exige uma reflexão profunda e ações corretivas imediatas.

Treinos e a Realidade em Campo: Uma Análise Tática Pós-Jogo

A despeito da performance abaixo do esperado em partidas importantes, Zubeldía é taxativo ao negar que a qualidade dos treinamentos seja a causa direta dos tropeços. Ele defende a tese de que o rendimento demonstrado nos centros de treinamento é distinto do que se vê nas partidas, especialmente naquelas que resultaram em derrotas significativas. ?Se tivéssemos o mesmo rendimento no treino e no jogo, não colocaria essa equipe para jogar. O rendimento no treino é distinto. Fizemos jogos muito ruins contra Mirassol e Vasco. Neste jogo, em que tivemos mais dias de trabalho, não fomos bem. Quando há uma derrota tão contundente e jogando mal, assumo como o principal responsável. Mas a resposta é simples: se o rendimento da equipe hoje fosse o mesmo do treino, eu não colocaria essa equipe.?

A análise dos erros contra o Vasco, em particular, revela falhas táticas e de organização que, segundo o treinador, são cruciais. Apesar de uma posse de bola relativamente equilibrada, o problema residiu na forma como a equipe se desorganizou após o primeiro gol adversário. ?Se você olhar a posse, foi parelha. O ponto é que, quando eles fizeram o primeiro gol, começamos a correr mal pelo campo. Isso é o pior que você pode passar. Até o gol, administramos a bola mal em alguns momentos, e isso fez o Vasco crescer. São coisas que não podemos passar: administrar mal a bola. Em muitos jogos, administramos bem, mas hoje administramos mal e não gosto disso, isso nos desequilibra como equipe. Perdemos profundidade, nos abrimos e corremos mal o campo. É preciso reorganizar o jogo e recomeçar.? A ineficiência na gestão da posse de bola e a desorganização pós-gol são aspectos que o técnico considera inaceitáveis e que precisam ser corrigidos com urgência.

Perspectivas Futuras e o Equilíbrio entre Competições

Apesar do cenário desafiador no Campeonato Brasileiro, o treinador mantém um otimismo cauteloso em relação ao futuro, especialmente após a pausa para a Data FIFA. A expectativa é de que, com o retorno de mais opções no elenco e um período de reajuste, a equipe possa apresentar uma melhora substancial em seu desempenho. ?Precisamos jogar melhor. Na volta, possivelmente teremos mais alternativas para reverter a situação. No Brasileirão estamos mal, mas nas outras competências estamos decentes, como na Copa do Brasil e Libertadores. Depois da pausa, imagino que, todos juntos, a equipe pode jogar melhor e conseguir os resultados.?

A distinção entre a performance no Brasileirão e nas competições de mata-mata, como a Copa do Brasil e a Libertadores, onde o time tem se mostrado mais competitivo, sugere que há um potencial a ser explorado. O desafio reside em traduzir essa capacidade para a regularidade exigida pelo campeonato de pontos corridos. A direção do clube, por sua vez, acompanhará de perto a evolução, ciente de que as decisões sobre o futuro do comando técnico estão intrinsecamente ligadas aos resultados e à evolução demonstrada em campo.

?Isso é algo que precisa ser visto pela direção. Temos autocrítica, trabalhamos todos juntos. Estamos fazendo um Brasileirão muito ruim, por isso estamos nesta posição. Espero, através do tempo, poder melhorar o rendimento da equipe.? A fala do treinador reforça a ideia de que o trabalho é contínuo e que a esperança de uma reviravolta reside na união e no empenho de todos os componentes do São Paulo , em busca de um desempenho que esteja à altura das expectativas de sua apaixonada torcida.