Conflitos Internos Ameaçam Planejamento do São Paulo para 2026

As engrenagens internas do São Paulo FC operam em um ritmo complexo, onde a gestão do futebol se entrelaça intrinsecamente com manobras políticas. Em meio a um cenário de indefinições esportivas, o foco principal nos corredores do Morumbi, neste momento, não reside exclusivamente no desempenho em campo ou no futuro do comando técnico, mas sim na posição de Carlos Belmonte, diretor de futebol do clube. Embora Belmonte tenha sinalizado a correligionários que não pretende deixar seu posto, sua relação com o presidente Julio Casares demonstra um desgaste perceptível, impulsionado por divergências estratégicas.

A raiz desse atrito reside, em grande parte, no projeto do FIP (Fundo de Investimento em Participações) de Cotia, uma iniciativa considerada "chave" pelos apoiadores do mandatário, mas que permanece estagnada no Conselho Deliberativo do São Paulo . A paralisação da proposta evidencia um racha no corpo diretivo, onde diferentes visões sobre o futuro financeiro e estrutural do clube colidem, impactando diretamente a estabilidade política necessária para decisões cruciais.

Outro ponto de tensão, classificado como "sensível" por aliados da situação, foi a inserção de Márcio Carlomagno no cotidiano do CT da Barra Funda. Essa movimentação, concretizada por um ato administrativo do próprio presidente, que também passou a despachar regularmente no centro de treinamento, é interpretada pelo grupo político de Belmonte, a Legião ? que se opõe abertamente ao FIP de Cotia no Conselho ? como uma articulação política de Casares, visando a sucessão presidencial nas eleições do próximo ano, onde Carlomagno é apontado como um dos principais postulantes.

Divergências Políticas e o Projeto para o Amanhã Tricolor

A percepção da presença do superintendente de futebol na Barra Funda difere drasticamente entre os grupos. Enquanto a Legião a vê como uma manobra com interesses eleitorais, membros da situação encaram a atuação de Carlomagno como fundamental para o desenvolvimento do projeto 2026. Nesse arranjo, Belmonte mantém a liderança da pasta de futebol, enquanto Carlomagno assume a responsabilidade de compatibilizar as demandas financeiras com o teto de gastos estabelecido pelo FIDC, em colaboração com a Galapagos, buscando um equilíbrio que sustente a ambição esportiva.

É nesse ambiente de complexidade política e administrativa que Hernán Crespo, o técnico argentino, se prepara para uma reunião crucial. Ele participará do primeiro encontro de planejamento do São Paulo para a próxima temporada, agendado para esta quarta-feira. A presença de Crespo neste debate estratégico sublinha a visão de que ele é uma figura central na definição do elenco para o ano vindouro, mesmo com as incertezas que pairam sobre os bastidores do clube.

A reunião, que ocorrerá no CT da Barra Funda, contará com a presença de figuras importantes da diretoria. Além de Julio Casares e Márcio Carlomagno, estarão presentes os diretores de futebol Carlos Belmonte e Rui Costa, os adjuntos Nelson Ferreira e Fernando Chapecó, e Muricy Ramalho, coordenador técnico. Conforme apurado, Crespo integrará uma parte significativa das discussões, que inauguram uma série de encontros destinados a moldar o planejamento para 2026.

O Papel de Crespo em Meio à Instabilidade Dirigencial

Apesar de seu contrato se estender até o final do próximo ano, a permanência de Crespo tem sido alvo de especulações, especialmente após as atuações insatisfatórias da equipe e a eliminação na Libertadores, que geraram forte descontentamento entre os torcedores. Em um de seus mais recentes pronunciamentos, o treinador expressou a ambiguidade de sua situação: "Não sei se fico, acho que sim, mas não sei". Essa declaração reflete a volatilidade do ambiente e a pressão sob a qual o comando técnico opera.

Em consonância com a atmosfera de indefinição, as negociações para a renovação de contratos de jogadores encontram-se temporariamente suspensas. A diretoria traçou uma estratégia clara: qualquer decisão sobre a continuidade ou desligamento de atletas será tomada somente após a definição das competições que o Tricolor irá disputar no próximo ano. Atualmente na nona posição, o time batalha por uma vaga na Pré-Libertadores nas oito rodadas finais do Campeonato Brasileiro, um objetivo que pode redefinir o panorama do planejamento e das futuras composições do elenco .