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Crespo e o São Paulo: O Preço da Fragilidade do Elenco na Busca Ofensiva
Por Redação 1Soberano em 09/11/2025 04:11
Um espectro familiar insiste em rondar o São Paulo: a recorrência de desfalques por lesões. Mal parece que, em algum instante desta temporada, essa sombra se dissipou completamente no clube. O técnico Hernán Crespo, em suas declarações, tem reiterado a necessidade de adaptação diária aos recursos disponíveis no elenco. Contudo, a partida contra o Red Bull Bragantino, na noite de sábado, pela 33ª rodada do Brasileirão, demonstrou que essa capacidade de contornar as adversidades pode ter atingido seu limite.
A derrota por 1 a 0, ocorrida na Vila Belmiro, expôs as fissuras de uma equipe que, apesar da intenção de seu comandante, não conseguiu traduzir em campo uma proposta mais agressiva. A busca por um futebol mais ofensivo, idealizado por Crespo, chocou-se diretamente com a realidade de um plantel com poucas alternativas qualificadas, especialmente no setor de meio-campo.
O Dilema Tático e a Ausência de Conexão
Diante da escassez de opções para compor o coração da equipe, o treinador argentino optou por iniciar o confronto com uma formação no meio-campo que contava com Luiz Gustavo, Bobadilla e Lucas. A expectativa era que esse trio proporcionasse sustentação defensiva, dinamismo na transição e criatividade nas ações ofensivas, respectivamente. De fato, tais características foram vislumbradas em partes durante a etapa inicial, mas o esforço coletivo não se mostrou suficiente para balançar as redes adversárias.
A verdade é que o São Paulo ofereceu pouquíssimo perigo ao gol do Bragantino, ao mesmo tempo em que também não foi excessivamente ameaçado. A aspiração de Crespo por um time mais propositivo falhou em gerar o impacto desejado, principalmente pela notória falta de sintonia entre os setores. Lucas, incumbido de centralizar a criação, não conseguiu orquestrar o ataque com a fluidez necessária. Ferreira, pela ponta, não demonstrou efetividade nos duelos individuais, e Luciano, na frente, passou boa parte do primeiro tempo em um isolamento tático.
Percebendo a ineficácia de permanecer à espera da bola no terço final do campo, o camisa 10, Luciano , inteligentemente buscou aproximação com os meias para participar mais ativamente da construção das jogadas. Foi justamente a partir dessas interações entre Lucas e Luciano que surgiram os poucos momentos de maior perigo para o Tricolor antes do intervalo.
A Decisão de Crespo e o Desmoronamento Criativo
Contudo, uma preocupação estratégica de curto prazo acabou por impactar negativamente o desempenho da equipe. Crespo optou por substituir Lucas já no intervalo, inserindo Tapia. Embora o treinador tenha justificado a alteração como uma escolha tática pós-jogo, é inegável que a gestão da carga de minutos de Lucas nas partidas tem sido uma constante preocupação, conforme ele mesmo revelou em coletiva após o empate com o Flamengo. Independentemente da razão primária, a saída do camisa 7 foi um ponto de inflexão.
A partir daquela modificação, o time minguou. As substituições não produziram o efeito esperado, e o São Paulo perdeu sua já limitada capacidade criativa. A insistência em forçar jogadas pela ponta esquerda com Ferreira persistiu, mas sem sucesso. O confronto parecia destinado a um empate sem gols, um resultado melancólico que, ironicamente, ainda pioraria.
Em um lance de imprudência individual, o lateral-esquerdo Enzo Díaz cometeu uma penalidade máxima. Jhon Jhon, na cobrança, não desperdiçou, abrindo o placar para o adversário. Após sofrer o gol, a desorganização da equipe acentuou-se. O time tentou reagir na base da pressão, mas, com exceção de um chute de Luciano de fora da área, não conseguiu criar chances claras que pudessem ameaçar seriamente o gol do Bragantino.
O Peso da Adaptação e a Lacuna de Marcos Antônio
Hernán Crespo tem enfatizado constantemente a necessidade de adaptação e de trabalhar com o que se tem disponível. Entretanto, com um elenco que se vê cada vez mais desfalcado e sem substitutos com características similares, a tarefa de montar um time realmente competitivo torna-se um desafio hercúleo. A própria declaração do técnico após o jogo ilustra essa dificuldade:
? Falávamos de três zagueiros, dos três volantes, a gente tenta mudar, mas quando tentamos ser mais ofensivos, o time não se encontra bem. Muitas vezes não são os nomes que têm que jogar, são as características ? afirmou o argentino.
É evidente que o comandante almeja uma equipe mais audaciosa, com maior pendor ofensivo. Contudo, ele ainda não encontrou uma fórmula que permita essa postura sem que o time perca sua capacidade criativa ou se exponha excessivamente defensivamente. Um fator crucial que acentua essa dificuldade é a ausência de Marcos Antônio. O meio-campista consolidou-se como o jogador mais vital da equipe ao longo do ano. Sem ele, o São Paulo perde criatividade e dinamismo no setor central, transformando-se em um adversário mais fácil de ser superado. Este cenário já havia se manifestado na partida contra a LDU, no Morumbis, pela Conmebol Libertadores, e se repetiu no último sábado.
A perspectiva de Caio, um ex-jogador, ecoa um sentimento de que nem sempre o foco está onde deveria:
"Nem sempre no SPFC o futebol é prioridade", diz Caio após derrota | A Voz da Torcida
Oportunidade de Ajustes na Data Fifa
Agora, o São Paulo terá à frente um período de treinamento durante a Data Fifa. Com apenas Tapia, Bobadilla e Ferraresi convocados para suas respectivas seleções, Crespo terá a maior parte do elenco principal à disposição para realizar ajustes táticos e estratégicos. Mais importante, este intervalo será fundamental para a recuperação de jogadores lesionados, com especial atenção ao setor de meio-campo, o mais impactado pelas ausências.
O Tricolor voltará a campo em 20 de novembro, às 19h30, para enfrentar o Corinthians na Neo Química Arena. Até lá, a missão de Crespo será continuar sua incessante busca por soluções e adaptações para um São Paulo que, em grande parte de 2025, tem enfrentado a dura realidade de um plantel desfalcado.
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