Grêmio x São Paulo: VAR Afastado e o Fantasma da Arbitragem no Brasileirão

Após um período de inatividade forçada, com mais de uma semana sem compromissos oficiais, Grêmio e São Paulo se preparam para um reencontro na Arena nesta quinta-feira, marcando a retomada do Campeonato Brasileiro. Contudo, além da disputa por posições na tabela, o centro das atenções se volta para a equipe de arbitragem. O comando do jogo estará a cargo de Davi Lacerda, do Espírito Santo, enquanto a operação do VAR será responsabilidade de Rodrigo Nunes de Sá, do Rio de Janeiro.

Este confronto, no entanto, carrega um peso adicional, pois ambos os clubes figuraram entre os maiores críticos da arbitragem após a rodada anterior, disputada nos dias 4 e 5 de outubro. As recentes decisões em campo provocaram uma onda de indignação que ecoou por todo o futebol nacional, colocando a isenção e a eficácia do sistema de vídeo em xeque.

As Queixas Institucionais: São Paulo e Grêmio Contra a Arbitragem

A insatisfação com a condução dos jogos atingiu níveis alarmantes para ambas as equipes. O Grêmio, por exemplo, manifestou veemente repúdio à expulsão do zagueiro Kannemann e ao pênalti assinalado contra Marlon na derrota para o Bragantino. Por outro lado, o São Paulo não hesitou em apontar falhas graves na virada sofrida no clássico contra o Palmeiras, com destaque para um pênalti claro, na visão do clube, não assinalado em favor de Gonzalo Tapia.

Diante do cenário de profunda revolta, as diretorias dos clubes agiram prontamente, buscando interlocução direta com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O executivo gremista, Luis Vagner Vivian, foi recebido por Helder Melillo, executivo da entidade, no Rio de Janeiro. Paralelamente, o presidente do São Paulo , Julio Casares, optou por um contato direto com o presidente Samir Xaud. Além dos diálogos institucionais, notas oficiais foram emitidas e entrevistas concedidas, todas convergindo para uma crítica incisiva à qualidade do quadro de arbitragem brasileiro.

A seguir, um resumo das principais reclamações que antecedem o confronto:

Decisões da CBF e o Impasse dos Cartões Gremistas

A única resposta concreta por parte da CBF, até o momento, foi o afastamento das equipes de arbitragem e VAR envolvidas nos jogos de Grêmio contra Bragantino (Lucas Casagrande e Gilberto Rodrigues Castro Junior) e São Paulo contra Palmeiras (Ramon Abatti Abel e Ilbert Estevam da Silva). Contudo, essa medida não resolveu as questões imediatas dos clubes.

O Grêmio, em particular, buscou incansavelmente a anulação do cartão vermelho de Kannemann e do terceiro amarelo de Marlon. A CBF, entretanto, declarou-se impossibilitada de atender ao pedido, apesar de membros de sua comissão de arbitragem terem reconhecido os equívocos durante o fórum permanente dos clubes, realizado na segunda-feira subsequente à rodada. A solicitação gremista foi então encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A procuradoria remeteu o pedido de suspensão liminar dos efeitos dos cartões à presidência do órgão, e, embora o Grêmio tenha protocolado um pedido de apreciação urgente, a resposta ainda não foi divulgada. Desta forma, é provável que Kannemann e Marlon estejam indisponíveis para o confronto contra o São Paulo , um desfalque significativo para o Tricolor Gaúcho.

O Histórico do VAR: Rodrigo Nunes de Sá e o Afastamento Anterior

A escolha de Rodrigo Nunes de Sá para a função de VAR neste embate ganha contornos ainda mais delicados ao se analisar seu histórico recente. O profissional já havia sido afastado pela CBF em abril deste mesmo ano. A medida foi tomada após sua atuação na segunda rodada do Campeonato Brasileiro, na partida entre Sport e Palmeiras, na Ilha do Retiro. Naquela ocasião, o árbitro Bruno Arleu de Araújo assinalou um pênalti após um suposto toque de Matheus Alexandre em disputa de bola com Rafael Veiga, convertido por Piquerez, resultando na vitória do Verdão por 2 a 1.

Nunes de Sá, ao analisar o lance no VAR, confirmou a decisão de campo de Arleu. A comissão de arbitragem da CBF, presidida por Rodrigo Cintra, justificou o afastamento com base no parecer do Comitê Consultivo de Especialistas Internacionais (CCEI), que "constatou equívocos cometidos pelos profissionais nos jogos". O afastamento durou 19 dias, com seu retorno ocorrendo em uma partida da Série B, entre Criciúma e Remo. Será a primeira vez que ele atuará em um jogo do Grêmio neste ano. Curiosamente, Nunes de Sá já trabalhou em uma partida do São Paulo recentemente, na derrota por 1 a 0 para o Ceará, no Morumbi, em 29 de setembro. Este retrospecto adiciona uma camada extra de tensão e expectativa sobre sua performance no jogo que se avizinha.

No embate do primeiro turno, o São Paulo levou a melhor sobre o Grêmio, vencendo por 2 a 1 no Morumbi. Agora, com a pressão da tabela e as cicatrizes das recentes polêmicas de arbitragem ainda abertas, o confronto na Arena promete ser mais do que uma simples disputa por pontos, mas também um teste para a resiliência dos clubes e, inevitavelmente, para a imparcialidade do apito.