Miranda Detona Ceni e Explica Aposentadoria após Final da Sul-Americana

O cenário do futebol paulista foi novamente palco de revelações contundentes, desta vez protagonizadas pelo ex-zagueiro Miranda. Com uma trajetória notável que incluiu passagens pela seleção brasileira e clubes de peso como Atlético de Madrid e São Paulo, o defensor concedeu uma entrevista ao ?Charla Podcast? onde abordou sua relação com Rogério Ceni nos momentos derradeiros de sua carreira, entre 2021 e 2022, durante sua última fase no Tricolor do Morumbi.

A conversa trouxe à tona uma perspectiva incisiva de Miranda sobre as distinções entre Ceni em sua fase de goleiro e em sua atuação como treinador. As declarações revelaram críticas severas ao comportamento do antigo companheiro em relação ao restante do elenco, pintando um quadro de um técnico com uma postura intransigente.

A Visão de Miranda: Ceni, o Treinador Inflexível

Miranda não hesitou em expressar sua visão sobre a personalidade de Ceni à frente da equipe. ?Ele é mais chato de técnico. De técnico ele era chato para c***. Como treinador ele vinha com mais autonomia, ele quem mandava, era chato para c***. É um cara vencedor, que quer ganhar sempre, só pensava na vitória, não relaxava nunca. O jogador quer relaxar depois do treino e ele só queria pensar no jogo?, descreveu o ex-zagueiro, evidenciando um ambiente de constante pressão e pouca margem para descontração.

A avaliação se aprofundou na dificuldade de lidar com um Ceni treinador no São Paulo . ?Pegar o Ceni de treinador no São Paulo é complicado demais. Tem muita moral e ele quer ganhar do jeito dele. Ganhou tudo como jogador e quis deixar a marca dele como treinador. Por ser jovem, ele teve muitos erros nesse aspecto. Ele não teve essa calma para isso?, pontuou Miranda , sugerindo que a busca incessante por vitórias e a tentativa de replicar seu sucesso como atleta podem ter gerado atritos e escolhas questionáveis em sua gestão de grupo.

O Banco Amargo: O Catalisador da Despedida

Um dos pontos cruciais da entrevista foi o detalhe da frustração de Miranda por ter sido preterido e colocado no banco de reservas na decisão da CONMEBOL Sul-Americana de 2022, contra o Independiente Del Valle. Esse momento, segundo o jogador, foi um divisor de águas em sua carreira.

?Eu estava no banco e quando vimos aquilo lá...eu só pensava se íamos ser campeões com o expressinho, com o time misto. No banco tinha eu, Reinaldo, Rafinha, Arboleda. Eu brincava e ele ficava mais p... ainda, ele quem deixou a gente no banco?, relembrou Miranda , contextualizando o descontentamento com a estratégia adotada por Ceni para a partida decisiva. A derrota na final apenas intensificou o sentimento de incredulidade do experiente zagueiro.

A lembrança de um adversário decisivo, Lautaro Diaz, então no Independiente Del Valle e atualmente no Santos, foi particularmente amarga para Miranda . ?O atacante que estava meio machucado acabou com o jogo. E eu só pensando: ?Não é possível, eu marquei o Messi, o Cristiano Ronaldo, vendo aquele cara acabar com o jogo. Não é possível isso não??, desabafou, revelando a dimensão de sua decepção e o contraste com sua trajetória em campos internacionais. Foi nesse instante que a ideia de encerrar sua carreira começou a se solidificar.

A Polêmica da Final: Memória e Realidade no Morumbi

A decisão de Miranda de pendurar as chuteiras foi diretamente influenciada por esse episódio. ?Jogaram Léo Pelé e Diego Costa. Em um momento de final eu poderia contar muito. E ali foi um dos pontos que eu pensei que estava na hora de parar. Não podia ficar fora de uma final daquela. Foi o ano que eu decidi. Passar raiva, olhar essas situações, era melhor parar mesmo?, concluiu o ex-zagueiro, sublinhando que a frustração e a sensação de desvalorização foram determinantes para sua escolha.

É importante ressaltar, contudo, que a memória de Miranda sobre a escalação daquela final contém algumas imprecisões, conforme apurado pela redação. Abaixo, detalhamos os pontos de divergência:

Apesar das divergências pontuais na lembrança dos fatos, as declarações de Miranda oferecem uma rara e franca visão sobre os bastidores de um período turbulento no São Paulo e as complexas relações entre jogadores e comissão técnica, especialmente quando se trata de figuras tão emblemáticas como Miranda e Rogério Ceni.