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MorumBIS: O Dilema do São Paulo Entre Shows e a Vaga na Libertadores
Por Redação 1Soberano em 25/11/2025 09:50
A prática de ceder o estádio para eventos musicais pode ser uma estratégia viável para agremiações com a resiliência do Palmeiras, cuja performance em campo se mantém estável independentemente do palco. Contudo, para o São Paulo Futebol Clube, uma equipe intrinsecamente ligada à mística e à força de seu MorumBIS, tal abordagem levanta sérios questionamentos sobre sua conveniência e impacto direto no desempenho esportivo.
O exemplo do Mirassol, invicto em 18 confrontos como mandante no Campeonato Brasileiro, serve como um eloquente lembrete da primazia do fator casa. Uma análise contábil fria e objetiva sugere que a priorização do gramado e da vantagem competitiva supera largamente os benefícios de transformar o estádio em mero palco para espetáculos musicais, como um show do Oasis.
O Custo de Priorizar o Espetáculo em Vez do Campo
Os números recentes são reveladores. Considerando as premiações das competições mais recentes ? valores que, inclusive, podem ser majorados ?, o Mirassol, por sua campanha sólida no Brasileiro, já assegurou uma receita próxima de R$ 60 milhões. Essa quantia é composta, em parte, pelos R$ 41 milhões destinados ao quarto colocado pela CBF e pela cota mínima de aproximadamente R$ 17 milhões garantida pela participação na fase de grupos da Copa Libertadores, sem contar o bônus de R$ 1,8 milhão por cada vitória na competição.
Em contraste, o balanço financeiro do São Paulo para o ano de 2024 registrou R$ 16 milhões provenientes da receita com aluguel do estádio. De acordo com informações apuradas pelo repórter Eduardo Affonso, o atual acordo do clube com a produtora Live Nation prevê a realização de 36 espetáculos ao longo de seis anos.
MorumBIS: Receita de Shows x Ganhos Esportivos
Estimando a receita por cada evento, que engloba o aluguel do espaço e a participação na venda de ingressos, o São Paulo projeta arrecadar R$ 5 milhões por show realizado no MorumBIS. Em uma média de seis apresentações anuais, isso se traduz em um faturamento de R$ 30 milhões por temporada. Este montante, embora expressivo, representa praticamente a metade do que o Mirassol pode conquistar através de sua notável performance no Campeonato Brasileiro.
Para contextualizar a disparidade entre as fontes de receita, observe a tabela a seguir, que detalha os valores potenciais:
| Fonte de Receita | Valor Anual Estimado (R$) | Notas |
|---|---|---|
| Potencial Esportivo (Exemplo Mirassol) | ||
| 4º Lugar Campeonato Brasileiro | 41.000.000 | Premiação CBF |
| Participação Fase de Grupos Libertadores | 17.000.000 | Cota mínima CONMEBOL |
| Vitórias na Libertadores (potencial adicional) | 1.800.000 (por vitória) | |
| Total Mínimo Potencial Esportivo | ~58.000.000 | (Excluindo vitórias adicionais na Liberta) |
| Receita de Aluguel do Estádio (São Paulo) | ||
| Balanço Financeiro 2024 (já registrado) | 16.000.000 | Receitas de aluguel de estádio |
| Projeção Anual (6 shows/ano) | 30.000.000 | Baseado em R$ 5 milhões/show |
As Consequências Esportivas e Financeiras da Ausência do MorumBIS
Além do inegável prejuízo esportivo decorrente da perda do mando de campo, o São Paulo também sofre uma diminuição significativa na arrecadação com a venda de ingressos para seus jogos. A partida mais recente contra o Juventude, realizada na Vila Belmiro, ilustra bem essa realidade: um público de 6.468 torcedores gerou uma renda bruta de apenas R$ 364 mil, um valor irrisório para um clube do porte do São Paulo .
O futuro próximo já aponta para novos desafios. Em 2026, caso o São Paulo precise disputar a fase pré-Libertadores, o MorumBIS estará indisponível, pois há shows da banda AC/DC já agendados para o período. Essa recorrência de eventos musicais em momentos cruciais do calendário esportivo evidencia uma priorização que, para um clube que se orgulha de sua história e ambições, parece, no mínimo, equivocada. A diretoria precisa ponderar se a renda dos espetáculos compensa o risco de comprometer a performance em campo e a busca por títulos, que, afinal, são a verdadeira essência e fonte de orgulho para sua torcida.
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