São Paulo e Crespo: A Fórmula Secreta que Tirou o Tricolor do Rebaixamento ao G6

O São Paulo Futebol Clube protagonizou uma das mais notáveis reviravoltas no cenário do Campeonato Brasileiro. De uma posição de real preocupação com a zona de rebaixamento, cenário que pairava sobre o Morumbi antes da pausa para o Mundial de Clubes, o Tricolor Paulista encerrou o primeiro turno do torneio em uma situação diametralmente oposta, aproximando-se do G6. Essa impressionante guinada tem um nome e sobrenome: Hernán Crespo, o estrategista argentino que jamais demonstrou dúvidas quanto à possibilidade de resultados imediatos.

A convicção do treinador em seu método e na capacidade de sua equipe sempre foi um pilar fundamental. Questionado sobre a velocidade da transformação, Crespo expressou sua visão com clareza e determinação:

"Sim, esperava (esses resultados). Mas era difícil que acontecesse. Espero ganhar todos os jogos, a ideia e estratégia é para isso. Às vezes acontece, às vezes não. Nós merecemos estar no lugar que estamos."

Essa fala reflete não apenas sua mentalidade vencedora, mas também a crença inabalável no esforço e no mérito do trabalho desenvolvido.

A Revolução Tática e Metodológica de Hernán Crespo

A gestão de Crespo no São Paulo promoveu uma redefinição completa, que abrangeu desde a estratégia de jogo até a coesão interna do elenco. A adoção do sistema 3-5-2 foi um ponto de virada crucial, garantindo uma segurança defensiva que antes parecia ausente. Simultaneamente, essa nova configuração tática facilitou a aproximação entre os jogadores em campo, permitindo a construção de linhas de passe fluidas e eficientes desde a saída de bola. Essa inovação não apenas solidificou a retaguarda, mas também impulsionou a capacidade ofensiva e de transição da equipe.

No que tange aos treinamentos, Crespo demonstrou uma habilidade notável para engajar todo o grupo, inclusive os atletas que não figuram entre os titulares. Uma das mudanças mais significativas foi o fim do tradicional "11 contra 0", o treino pré-jogo exclusivo para os titulares, focado em orientações de posicionamento. O técnico argentino optou por conduzir essa etapa por meio de análises em vídeo, com a participação de todos ? titulares e reservas. Essa abordagem garantiu que cada membro do elenco tivesse um entendimento aprofundado das táticas e se sentisse integralmente parte do processo.

A Evolução Pessoal do Técnico e a Valorização do Elenco

É perceptível uma evolução na conduta do próprio Hernán Crespo em relação à sua primeira passagem pelo comando técnico. Se em um período anterior seu estilo era mais distante, assemelhando-se a um "manager" que priorizava as conversas em grupo, atualmente ele exibe uma maior inclinação para as interações interpessoais e para o diálogo individual. Foi por meio dessa abordagem mais pessoal, por exemplo, que Crespo concedeu um voto de confiança a Rodriguinho, que se transformou em uma peça importante para o time. Internamente, a análise é de que o treinador alcançou uma compreensão mais aprofundada do futebol brasileiro e das características dos jogadores locais.

Apesar de o São Paulo possuir um elenco considerado enxuto e, muitas vezes, classificado como pouco competitivo pela crítica, Crespo conseguiu elevar o patamar desse mesmo grupo de atletas. Ele o fez sem a necessidade de exigir reforços, desmentindo a premissa de que o time não teria condições de brigar na parte de cima da tabela. Após mais uma vitória que solidificou a posição do clube, o diretor Carlos Belmonte fez questão de defender o plantel:

"Também ouvi muito que o São Paulo teria um ano mais difícil do que estamos tendo, estamos terminando o primeiro turno no sétimo lugar."

Essa declaração ressalta a capacidade do grupo em superar as expectativas negativas sob a liderança de um técnico que soube extrair o máximo de cada um, transformando um cenário de apreensão em um de otimismo e progresso.