Vinte Anos de Glória: A Conquista Inesquecível do Tricampeonato da Libertadores pelo São Paulo em 2005

Há duas décadas, em 14 de julho de 2005, o Estádio do Morumbi testemunhou um dos capítulos mais gloriosos da história do São Paulo Futebol Clube. Diante de uma plateia de mais de 71 mil aficionados, o Tricolor Paulista orquestrou uma goleada expressiva de 4 a 0 sobre o Athletico-PR, assegurando de forma incontestável o tricampeonato da Copa Libertadores da América. Vinte anos se passaram, e a memória daquela vitória ressoa com a mesma intensidade entre os torcedores, que presenciaram o retorno do clube ao panteão continental após um hiato de doze anos.

Com um empate em 1 a 1 no confronto de ida, disputado no Beira-Rio ? local provisoriamente adotado pelo Athletico-PR devido à capacidade restrita de sua própria arena ?, a equipe paulista retornou para o decisivo embate em seus domínios sob a batuta de Paulo Autuori. A missão era clara: capitalizar a inegável força como mandante e confirmar a superioridade que o conjunto havia demonstrado ao longo de toda a competição.

E a tarefa foi cumprida com maestria. Gols de Lugano, Danilo, Fabão e Diego Tardelli selaram a vitória avassaladora do São Paulo sobre o adversário paranaense, culminando na terceira taça sul-americana para o clube, que já havia erguido o troféu em 1992 e 1993. O lendário Rogério Ceni, capitão e figura máxima daquele esquadrão, teve uma performance sublime ao longo de toda a campanha, elevando a taça diante de uma massa tricolor em êxtase.

A Essência daquele Time Vencedor

A formação de 2005 era um retrato de maturidade, equilíbrio e protagonismo individual, tudo sob a coordenação precisa do técnico Paulo Autuori, que assumiu o comando durante a competição e reorganizou a equipe após a saída de Leão. O elenco que pisou no gramado naquela noite memorável era composto por figuras que se tornaram ícones do futebol brasileiro.

Rogério Ceni, uma muralha no gol; Lugano, pilar na defesa; a dupla Josué e Mineiro, corações do meio-campo; Danilo , maestro na armação; e Amoroso, letal no ataque. Todos eles compunham uma sinfonia de talento e dedicação. A liderança de Ceni, em particular, transcendeu o campo, como ele mesmo pontuou:

O time de 2005 era fantástico, como ser humano. Eram pessoas fora de série. Acho que era um time que se complementava. Se eu disser que era o time mais técnico e bonito, acho que não. O de 1992 e 1993 era um time mais técnico. Se eu disser que era o time com mais alma e coração que eu joguei no São Paulo, aí eu posso dizer que sim.

Além dos nomes mais citados, a contribuição de atletas como Cicinho, Júnior e Fabão foi crucial em momentos decisivos da jornada. Tratava-se de um conjunto experiente, tecnicamente qualificado e com uma personalidade inconfundível.

A Trajetória Épica rumo à Glória Continental

A caminhada do São Paulo rumo ao título de 2005 foi pontuada por embates memoráveis e desempenhos que ficaram gravados na memória. Após uma fase de grupos impecável, o Tricolor superou adversários de peso no mata-mata, como Palmeiras, Tigres e River Plate, antes de encarar o Athletico-PR na grande decisão.

O embate contra o River Plate, nas semifinais, é por muitos considerado o ponto mais alto da campanha. No confronto de ida, no Morumbi, uma vitória por 2 a 0 com uma atuação coletiva de gala. No entanto, o ápice da demonstração de força viria na partida de volta, no Monumental de Núñez, onde o Tricolor impôs um verdadeiro domínio, selando um triunfo por 3 a 2 em território adversário, com um golaço de Amoroso e uma exibição magistral de Rogério Ceni. Era o sinal inequívoco de que o título estava ao alcance.

O Legado de um Tricampeão Inesquecível

A conquista de 2005 não apenas reafirmou o São Paulo como uma potência continental, mas também pavimentou o caminho para uma subsequente e igualmente histórica conquista, meses depois: o Mundial de Clubes no Japão, superando o Liverpool. Contudo, essa narrativa particular merece sua própria análise detalhada.

Vinte anos após aquele triunfo, o título da Libertadores de 2005 continua a ser motivo de imenso orgulho para a nação são-paulina. Relembrar aquela campanha é revisitar um capítulo de excelência tática, entrega incondicional e brilho coletivo, elementos que eternizaram aquele time na memória do futebol brasileiro e mundial.