Crespo Abre o Jogo: A Realidade do São Paulo Pós-Flamengo

O retorno de Hernán Crespo ao comando técnico do São Paulo foi marcado por um revés no Maracanã. Em sua primeira partida, o Tricolor Paulista foi superado pelo Flamengo por 2 a 0, um resultado que expôs as diferenças entre as duas equipes. O treinador argentino, em coletiva pós-jogo, abordou abertamente os desafios impostos pelo confronto e o cenário atual do elenco.

A escalação inicial do São Paulo , com uma linha de três zagueiros e três volantes, denotava uma postura mais cautelosa diante do poderio ofensivo adversário. Crespo justificou a opção tática, enfatizando a consciência sobre as limitações do plantel e o patamar do oponente. Segundo ele, uma abordagem mais agressiva seria inviável naquele momento. ?É preciso saber o que temos nas mãos. Se quisermos jogar assim contra o Flamengo (ofensivamente)... o Flamengo está num nível diferente neste momento?, pontuou o técnico.

Crespo prosseguiu sua análise, descrevendo a situação do clube como complexa. ?Estamos tentando construir uma situação difícil, complicada?, admitiu. Ele ainda revelou ter conversado com os jogadores, alertando-os para a magnitude do desafio: ?Falei com eles hoje, contra o Flamengo, no Maracanã, talvez seja o jogo mais difícil até o final da temporada. Acho que não vai ser o mais importante.? A despeito da derrota, o treinador reforçou a necessidade de honestidade na avaliação do adversário, reconhecendo sua qualidade superior. ?Aconteceu (a derrota), porque a gente tem que ser honesto, sabemos a qualidade do adversário. As pessoas tinham a ideia de jogar contra um adversário muito forte. Na minha equipe, eu queira jogar com grande intensidade e isso não aconteceu, mas vamos melhorar com certeza?, projetou.

O Foco Inadiável no Campeonato Brasileiro

Enquanto o Flamengo consolidou sua posição na liderança do Brasileirão, o São Paulo se vê em uma condição preocupante na parte inferior da tabela. Crespo fez questão de diferenciar os objetivos das duas equipes, ressaltando a dura realidade do Tricolor. ?Sabemos que temos outro objetivo em relação ao Flamengo, essa é a realidade. E que temos que lutar por esse objetivo até 21 de dezembro?, declarou. Ele também expressou um desejo por uma recuperação rápida, mas enfatizou a importância do trabalho contínuo e da seriedade para que os resultados almejados se concretizem. ?Se alguém achar que essa situação difícil não vai ter aceleração, nós vamos sair rapidamente. Eu espero, mas eu pretendo que o time continue trabalhando muito, trabalhando sério. Os resultados virão.?

Olhando para os próximos compromissos, Crespo vislumbra uma equipe com maior capacidade ofensiva. O próximo desafio será contra o Red Bull Bragantino, em Bragança Paulista. O treinador detalhou suas aspirações para o desempenho do time. ?O que eu quero é uma equipe muito mais intensa, com muito mais qualidades, muito mais ofensiva, mas jogamos contra o Flamengo, se pensas que é fácil, não pode jogar, é difícil jogar contra o Flamengo. O nível defensivo foi bom, o nível criativo nos faltou?, analisou.

A prioridade máxima, segundo Crespo, é o Campeonato Brasileiro. A meta é acumular pontos para afastar o São Paulo da zona de desconforto. Ele distinguiu claramente os objetivos de curto e longo prazo. ?A ideia é pensar no Brasileirão, em começar a fazer pontos para sair da situação desconfortável. Copa do Brasil e Copa Libertadores são sonho, é outra coisa. A prioridade é o Brasileirão, é construir uma identidade, uma chance para a próxima temporada, começar a fazer pontos. No meio dessa situação, esperar chegar ao sonho de ganhar Copa do Brasil ou Copa Libertadores?, afirmou. A mensagem é de foco total na realidade presente: ?Mas neste momento, é ter foco no que podemos fazer, recuperar a equipe, lutar, disputar cada bola. E graças a Deus, não é todo dia que a gente vai jogar contra o Flamengo no Maracanã.?

Recuperação do Elenco e Qualidade Individual

A recuperação física dos atletas é um ponto crucial na visão de Crespo. A volta de Oscar, mesmo que ainda não em seu pico de performance, foi celebrada. ?É importante recuperar o elenco . O Oscar está de volta hoje. Estamos felizes, mas sabemos que o Oscar pode jogar em outro nível, mas é o primeiro jogo depois da lesão. A ideia é recuperar o time, ter o time com saúde?, comentou.

Quanto à situação de Lucas Moura, o treinador preferiu não se aprofundar, delegando a responsabilidade de informações aos profissionais de saúde do clube. ?Sobre o Lucas, só o médico pode falar. Só nos resta rezar. Não falo de Lucas ou de outros que estão fora. Tem de falar com o médico se ele volta, falar do mercado com a direção e falo de mim, mais fácil?, disse, evidenciando o limite de sua alçada.

Sobre a qualidade intrínseca do elenco , Crespo não hesitou em afirmar que os jogadores do São Paulo possuem capacidade técnica. A questão, para ele, reside na aplicação e na coordenação. ?Acho que todos os jogadores que vestem a camisa do São Paulo sabem jogar bola. Para jogar um tipo de futebol e para jogar no São Paulo , eles têm de jogar com a bola. Eles têm coragem, mas têm de jogar com a bola. Temos de trabalhar a coordenação dos movimentos, porque não é fácil?, explicou. O treinador reiterou sua filosofia de jogo baseada na posse de bola e intensidade. ?Sim, é verdade, todas as minhas equipas jogaram com a identidade de tentar ter a bola. Queria ter a bola ainda mais do que neste jogo, ter mais intensidade quando recuperarmos a bola, calma. O primeiro jogo, temos tempo, mais 25 jogos. Mais 25 histórias novas. Temos de nos concentrar na nossa identidade. Depois veremos.?

Reforços e Opções Táticas

A chegada de novos atletas é sempre bem-vinda, mas Crespo deixou claro que a decisão final sobre contratações pertence à diretoria. ?Fico feliz com qualquer reforço que chegue. Mas aqui é a direção que bate o martelo, não eu?, afirmou.

Questionado sobre a ausência de Dinenno entre os titulares, Crespo justificou a escolha com base nas características do jogo contra o Flamengo. Ele buscou jogadores com maior profundidade ofensiva. ?Para mim, não era um jogo para o Dinenno jogar. Por quê? Porque se tratava de profundidade ofensiva, penso que o Ryan ou o André Silva poderiam usar essas caraterísticas, tudo o que o Dinenno não tem?, explicou. Contudo, o técnico reconheceu a utilidade do atacante em outras situações. ?Talvez se encontrarmos uma equipe com falhas e tivermos de trazer dois laterais, o Dinenno vai ser muito útil.?