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Volpi: O Mito Toluca e o Sonho do Título Mexicano
Por Redação 1Soberano em 27/11/2024 06:11
A Ascensão do Toluca e o Papel de Volpi
O Toluca, um gigante adormecido do futebol mexicano, despertou com força no Torneio Apertura. Após mais de uma década na fila por um título nacional, a equipe se tornou a sensação da fase de pontos corridos, impulsionada por um investimento considerável da diretoria e liderada pelo técnico Renato Paiva, ex-Bahia. Neste contexto, o goleiro brasileiro Tiago Volpi, ex-São Paulo, se destaca como peça fundamental do sucesso.
Com passagens anteriores pelo Querétaro (2014-2019), Volpi revisita o futebol mexicano com a ambição de conquistar um título nacional, sonho alimentado pela excelente campanha da equipe antes do mata-mata, que começou em outubro.
Em entrevista, o goleiro de 33 anos compartilhou suas expectativas para o confronto com o América-MEX, atual bicampeão, e refletiu sobre as chances do Toluca em quebrar o longo jejum de títulos.
A imagem de um Tiago Volpi em grande forma no Toluca, no México, reforça a sua importância para o sucesso da equipe. A fotografia divulgada pela assessoria do atleta ilustra sua performance excepcional.
Investimento e Expectativas no Toluca
Para romper com a seca de 14 anos sem títulos, a direção do Toluca investiu pesadamente nesta temporada, desembolsando cerca de 37 milhões de euros (R$ 225 milhões) em contratações, segundo dados do site Transfermarkt. Entre as aquisições, destacam-se o atacante português Paulinho (ex-Sporting), artilheiro do Apertura com 13 gols, o lateral-esquerdo mexicano Gallardo e o zagueiro uruguaio Bruno Méndez (ex-Corinthians e Internacional).
Volpi recorda as campanhas recentes, ressaltando o impacto desse investimento na performance do Toluca: "O Toluca é uma grande instituição, e é o terceiro maior ganhador aqui do país. Podemos dizer que vinha de alguns anos adormecido. Desde a nossa chegada, o clube voltou a investir muito forte. O dono está fazendo todo o esforço possível para o time poder ser campeão. É um processo que não é fácil, não é do dia para a noite. A gente chegou numa final (Apertura 2022/23), e depois em duas quartas de finais".
A convicção de que o Toluca pode conquistar o título permeia o ambiente interno do clube. Para Volpi, a força mental é crucial para manter o bom desempenho na fase decisiva: "Nessa temporada tivemos um time mais sólido e competitivo, com totais condições de brigar por esse título. Dentro do clube não se fala em outra coisa que não seja ganhar o título. Estamos nos preparando para a reta final, já que o campeonato vai terminar em menos de um mês. Pelo investimento que foi feito, por tudo o que tem acontecido, terminar em segundo na fase regular não significa muito. Isso só vai importar se no final da temporada a gente conseguir esse título, que é tão desejado não só pela torcida, mas principalmente pelo dono do clube, que está com 85 anos, e quer muito ver o Toluca campeão outra vez".
"Dentro do clube não se fala em outra coisa que não seja ganhar o título. Pelo investimento que foi feito, por tudo o que tem acontecido, terminar em segundo na fase regular não significa muito".
A Experiência de Volpi e a Busca pelo Título
Campeão pelo São Paulo após uma longa espera por troféus, Volpi demonstra motivação para ajudar o Toluca a superar a sua própria seca de títulos: "Talvez seja um lema da minha carreira, poder chegar a grandes clubes que passam por um período muito grande sem ganhar nada. Foi assim no São Paulo , que a gente pôde ganhar aquele título Paulista (em 2021), que depois abriu sequência para a Copa do Brasil, que foi ganha ano passado. Foi muito positivo na minha carreira ter chegado ao São Paulo e, depois de tantos anos, poder ter sido o primeiro goleiro a ser campeão. E aqui é algo muito parecido, o último título do Toluca foi em 2010. A gente está praticamente há 14 anos sem ganhar nada".
Após a fase de classificação, a expectativa pelo título cresceu exponencialmente no clube: "E o filme volta a se repetir, chegar a uma grande instituição, também marcada por grandes goleiros, e poder ajudar o clube a voltar a ganhar um título depois de todos esses anos. Não serve de nada você fazer uma grande fase regular, se no final não terminar em título. Jogadores, comissão técnica, diretoria, presidente, dono, todos dentro do clube só falam em ganhar esse título. Não vai ter aquele discurso de: ?Ah, mas foi feito um grande torneio, bola para frente?. É isso que a gente deseja e vai conquistar".
"Não serve de nada você fazer uma grande fase regular, se no final não terminar em título. Jogadores, comissão técnica, diretoria, presidente, dono, todos dentro do clube só falam em ganhar esse título".
A Família Brasileira no Toluca e a Integração de Novos Reforços
A presença de brasileiros no futebol mexicano facilita a adaptação de novos atletas, segundo Volpi: "O fato de ter brasileiros aqui ajuda no convívio familiar no nosso dia a dia. A gente acaba se sentindo mais em casa, mais à vontade. Quando eu cheguei no México, eu cheguei a um clube que tinha uma comunidade de brasileiros muito grande (entre eles Ronaldinho Gaúcho e Danilinho, ex-Atlético-MG). Eles me receberam muito bem, então hoje os papéis se invertem. Depois de muitos anos no México, é a vez de começarem a chegar brasileiros, e eu fazer esse papel inverso ao que fizeram comigo e recebê-los muito bem".
Recentemente, o Toluca contratou o meia Helinho (Bragantino) e o zagueiro Luan (Palmeiras), reforçando o elenco com jogadores de alta qualidade e experiência. Volpi elogiou a dupla: "A adaptação deles foi a melhor possível. O Luan está muito contente, e o Helinho, que acaba de chegar, também. São jogadores importantes, de peso, principalmente o Luan , pelos tantos títulos que que ele ganhou no Brasil nos últimos anos. A experiência dele tem nos ajudado muito. E a qualidade do Helinho é indiscutível, justifica tudo que o Toluca fez para poder trazê-lo para cá. Ele vinha em uma ascensão muito grande com o Bragantino, e interessava a muitos times da Europa, mas o Toluca ganhou essa briga e pôde aumentar ainda mais a qualidade do nosso time".
Uma imagem de Volpi ao lado de Ronaldinho Gaúcho durante sua primeira passagem pelo Querétaro ilustra a forte comunidade brasileira no futebol mexicano, facilitando a integração de novos jogadores.
Retorno ao México, Seleção e Comparação com o Brasileirão
Em maio de 2022, Volpi retornou ao futebol mexicano após uma trajetória de três anos e meio no São Paulo . O goleiro, que tem uma filha mexicana, sente-se em casa no país: "Quando eu falo sobre o México praticamente me refiro a uma casa. Já são muitos anos aqui no país, desde a minha passagem pelo Querétaro. É um lugar onde eu me sinto muito feliz, e as pessoas me tratam muito bem. Voltar para cá foi uma decisão muito fácil. Era um momento na minha carreira em que eu necessitava voltar para um lugar onde as pessoas confiavam em mim. Desde a minha volta as coisas têm acontecido de uma maneira muito positiva. Tenho uma filha mexicana, e um laço muito forte com o país. Sou muito grato ao México por tudo que ele tem proporcionado na minha vida e na minha carreira".
Antes de sua transferência para o São Paulo , Volpi era considerado um potencial candidato a goleiro da seleção mexicana, o que exigia a obtenção da cidadania. Sua volta ao México reacendeu essa discussão: "Existia um apelo muito grande das pessoas para que eu me naturalizasse e jogasse pela seleção mexicana. Naquela época eu decidi voltar para o Brasil, acho que eu não poderia perder a oportunidade de jogar numa grande equipe como o São Paulo . Sempre fui muito honesto quanto ao meu sentimento...Eu tinha o sonho de jogar pela seleção brasileira, e esteve muito próximo de acontecer".
Apesar do interesse, Volpi mantém os pés no chão e demonstra respeito pelos goleiros mexicanos: "Hoje estou próximo de conseguir a naturalização, e é normal que as pessoas voltem a comentar sobre isso, mas eu sempre fui muito honesto quanto aos meus sentimentos. Hoje a minha cabeça é totalmente diferente do que naquela época, até porque tudo o que eu tenho vivido no México me faz pensar de outra forma também. Então não é uma situação que eu descartaria".
"Eu vejo muito potencial nessa nova geração de goleiros que tem surgido. A imprensa ou a torcida nunca vão ver eu me candidatando a goleiro da seleção. Agora, se em um determinado momento as pessoas que estão lá (na Federação Mexicana de Futebol) optarem por fazer esse convite, aí eu acho que é uma situação totalmente diferente, que tem que ser repensada. Não partiria de mim, e não porque eu não queira, mas por respeito aos atletas que nasceram aqui".
Comparação entre o Futebol Brasileiro e Mexicano
Volpi compara o futebol mexicano com o brasileiro, destacando a diferença de visibilidade: "O ponto que mais pesa entre Brasil e México é a questão da visibilidade. Aqui é um economicamente muito forte, mas ao mesmo tempo completamente fechado para os outros países. Dificilmente a gente aí no Brasil vai conseguir ver um jogo do futebol mexicano, ou acompanhar e ter realmente a noção do que é o futebol daqui. Por não conhecer, às vezes as pessoas acham que tem um nível técnico inferior ao do Brasil, mas muito pelo contrário. O México não perde em nada para o Brasil em qualidade e investimento".
Com experiência em ambos os países, Volpi defende a qualidade do futebol mexicano: "E eu sempre faço a comparação com a semifinal do Mundial de Clubes de 2020, que o Tigres ganha por 1 a 0 do Palmeiras, e é muito superior durante todo o jogo. A única diferença é que o México é um país muito fechado. A gente não disputa a Libertadores, e as pessoas daqui talvez não tenham esse interesse que as pessoas (de fora) saibam do futebol mexicano. Mas quanto ao nível, posso te garantir com toda a certeza, que o México não fica nem um pouco atrás do Brasil".
Renato Paiva: O Maestro do Ataque e a Influência em Volpi
Renato Paiva, técnico do Toluca com passagem pelo Bahia, imprime seu estilo ofensivo no time: "O Paiva é um cara extremamente apaixonado pelo futebol ofensivo. Não é à toa que nesse torneio a equipe marcou 38 gols em 17 jogos. Gosta bastante de usar o goleiro na construção da jogada, e isso é algo que eu sempre gostei, desde a época do Diniz aí no São Paulo . A gente tem tido uma relação muito positiva, e tem sido uma honra trabalhar com ele. Eu posso te afirmar, com toda a certeza, que ele está entre os melhores com quem eu já trabalhei na minha carreira".
Uma imagem de Renato Paiva, ex-técnico do Bahia e atual comandante do Toluca, reforça a importância do treinador português para o sucesso da equipe mexicana.
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